quinta-feira, 28 de abril de 2011

Gotinhas...


O dia era frio. A chuva tamborilava lá fora e cobria tudo o que visse.
Olhava da janela o espetáculo, meu hálito quente escrevia palavras no vidro frio.
Um sorriso.
Palavras com cor de morango maduro, cor de fim de tarde, cor de pele, coloridas.
De palavras fazia-se a chuva. O céu um grande livro cinza retorcido.
Saí brincar, ninguém se atreve. Molhei a alma e encharquei-me de palavras.
Duras, lisas, pesadas, salgadas, suaves, leves, delicadas, doces, de todo tipo...
Guardei todas, não as proferi. O silêncio as mantém sagradas.
Permito-me apenas depositá-las cuidadosamente no papel, misturando, como bem entender, cores, sabores e texturas.
Um pouco de chuva sobre o papel furta-cor.
Gostoso de olhar...

Marília M.